terça-feira, 27 de setembro de 2011

Vigiar o pensamento


     O rio caudaloso nasce, despretensioso, nas terras altas, ganhando volume nos largos solos das planícies vastas.

     A árvore imponente começa na plântula débil, que oscila entre a casca da semente desagregada e o sol que a beija e vitaliza.

     A construção fantástica tem início no esboço singelo, em tentativas no papel que o fogo consome, até tornar-se desafio para o cálculo que a faz realidade.

     Toda causa jaz oculta; todo começo é humilde.

     O livro precioso se forma letra-a-letra.

     A sinfonia arrebatadora se compõem nota-a-nota.

     O poema excelso se declama palavra-a-palavra.

     O início é o fundamento, base que sustenta o projeto e a obra.

     Assim, também, ocorre na vida moral.

     No Espírito têm origem as matrizes da vida, suas causas, suas realizações.

     O homem de hoje procede dos seus feitos de ontem.

     O ser de agora resulta das atividades do passado.

     Vigiar o pensamento, impedindo a perniciosa convivência das ideias negativas, constitui meta primeira para quem deseja acertar, progredir, ser feliz.

     Pelo hábito da “mente vazia” de pensamentos edificantes, ou em face do tumulto que decorre das ideias desvairadas, o homem se açoda para derrapar no desespero ou se consumir na inutilidade.

     Fixar otimismo, vencer receios injustificados, exercitar ideias edificantes — eis um início de programa de vigilância para a mente sadia poder operar um corpo moralmente sadio.

     Pelo impositivo da terapêutica ditosa, ensinou-nos o Cristo vigiar “o coração — fonte dos sentimentos — porque daí procedem maus pensamentos” que nos dizem respeito e que contaminam o homem, como, também, nascem as ideias de engrandecimento e progresso da Humanidade.
 
 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Arrume as Gavetas


   Uma vez li alguma coisa a respeito de uma garota que pedia para a sua avó a solução de um problema grave.A avó disse:- Suba, arrume suas gavetas e após fazer isso você terá a solução.
   Experimentei perguntar para as pessoas mais velhas se realmente existe uma conexão e perguntei certa vez para a minha avó o que tinha a ver a gaveta com os problemas e ela, muito sabiamente, me falou que a gaveta desarrumada é o espelho da vida, então toda vez que você está com alguma coisa bagunçada, alguma área de sua vida manifesta bagunça. 
   Toda vez que você está com alguma coisa desorganizada, essa desorganização se reflete na sua vida.Lembre-se, você é um reflexo de Deus, um reflexo do universo. Você tem um mundo dentro de si. Sua casa é um reflexo de seus estados emocionais. Se você tem dentro de si reflexo do mundo, quando está desorganizado interiormente, manifesta isto exteriormente.
   Quando essa manifestação exterior veio antes, você pode reorganizar o seu mundo interno mostrando simbolicamente que está arrumando externamente.O universo funciona assim: o que está dentro está fora. O que está em cima está embaixo. O que está de um lado está de outro.
   Então se você lembrar sempre que pode influenciar o interior com o exterior e vice-versa, você tem a chave para a organização total.No momento em que você limpa a sua gaveta e joga fora aquilo que não presta, está reprogramando simbolicamente o seu interior.
   É uma das melhores chaves para conseguir serenidade e respostas para problemas muito difíceis. Aproveite a oportunidade, e arrume suas gavetas. Com certeza vai ajudar você a encontrar solução para muitos de seus problemas.

Orlando Nussi
 (Esse texto de autoria desconhecida está presente no volume 9 da coleção FRASES, DICAS E HISTÓRIAS MARAVILHOSAS)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

SENTAR À JANELA




     O jovem advogado, certo dia, deu-se conta de como as pequenas coisas são importantes na vida, e escreveu o seguinte:
     Era criança quando, pela primeira vez, entrei em um avião. A ansiedade de voar era enorme.
     Eu queria me sentar ao lado da janela de qualquer jeito, acompanhar o vôo desde o primeiro momento e sentir o avião correndo na pista cada vez mais rápido até a decolagem.
     Ao olhar pela janela via, sem palavras, o avião rompendo as nuvens, chegando ao céu azul. Tudo era novidade e fantasia.
     Cresci, me formei, e comecei a trabalhar. No meu trabalho, desde o início, voar era uma necessidade constante.
     As reuniões em outras cidades e a correria me obrigavam, às vezes, a estar em dois lugares num mesmo dia.
     No início pedia sempre poltronas ao lado da janela, e, ainda com olhos de menino, fitava as nuvens, curtia a viagem, e nem me incomodava de esperar um pouco mais para sair do avião, pegar a bagagem, coisa e tal.
    O tempo foi passando, a correria aumentando, e já não fazia questão de me sentar à janela, nem mesmo de ver as nuvens, o sol, as cidades abaixo, o mar ou qualquer paisagem que fosse.
     Perdi o encanto. Pensava somente em chegar e sair, me acomodar rápido e sair rápido.
     As poltronas do corredor agora eram exigência. Mais fáceis para sair sem ter que esperar ninguém, sempre e sempre preocupado com a hora, com o compromisso, com tudo, menos com a viagem, com a paisagem, comigo mesmo.
    Por um desses maravilhosos “acasos” do destino, estava eu louco para voltar de São Paulo numa tarde chuvosa, precisando chegar em Curitiba o mais rápido possível.
    O vôo estava lotado e o único lugar disponível era uma janela, na última poltrona. Sem pensar concordei de imediato, peguei meu bilhete e fui para o embarque.
    Embarquei no avião, me acomodei na poltrona indicada: a janela. Janela que há muito eu não via, ou melhor, pela qual já não me preocupava em olhar.
    E, num rompante, assim que o avião decolou, lembrei-me da primeira vez que voara. Senti novamente e estranhamente aquela ansiedade, aquele frio na barriga. Olhava o avião rompendo as nuvens escuras até que, tendo passado pela chuva, apareceu o céu.
    Era de um azul tão lindo como jamais tinha visto. E também o sol, que brilhava como se tivesse acabado de nascer.
     Naquele instante, em que voltei a ser criança, percebi que estava deixando de viver um pouco a cada viagem em que desprezava aquela vista.
     Pensei comigo mesmo: será que em relação às outras coisas da minha vida eu também não havia deixado de me sentar à janela, como, por exemplo, olhar pela janela das minhas amizades, do meu casamento, do meu trabalho e convívio pessoal?
    Creio que aos poucos, e mesmo sem perceber, deixamos de olhar pela janela da nossa vida.
    A vida também é uma viagem e se não nos sentarmos à janela, perdemos o que há de melhor: as paisagens, que são nossos amores, alegrias, tristezas, enfim, tudo o que nos mantém vivos.
    Se viajarmos somente na poltrona do corredor, com pressa de chegar, sabe-se lá aonde, perderemos a oportunidade de apreciar as belezas que a viagem nos oferece.
     Ademais, pode ser que ao descer do avião da vida já não encontremos ninguém a nossa espera.

Pense nisso!

    Se você também está num ritmo acelerado, pedindo sempre poltronas do corredor, para embarcar e desembarcar rápido e “ganhar tempo”, pare um pouco e reflita sobre aonde você quer chegar.
    A aeronave da nossa existência voa célere e a duração da viagem não é anunciada pelo comandante.
    Não sabemos quanto tempo ainda nos resta. Por essa razão, vale a pena sentar próximo da janela para não perder nenhum detalhe.
    Afinal, “a vida, a felicidade e a paz são caminhos e não destinos”.

    Pense nisso, mas pense agora.

(Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em texto de Pietro Valença, pseudônimo de Paulo Valério)